“Tudo faço por causa do Evangelho – Paulo e a Boa-Nova de Jesus Cristo” - Resumo e Crítica.

21/08/2011 18:39

 

Resumo

O texto fala sobre a importância que o apostolo Paulo tem para o cristianismo. Após a crucificação e ressurreição de Jesus, a contribuição do apostolo apara a propagação do evangelho e totalmente explicitada não só pelo volume de escritos inseridos no Canon do novo testamento, como pelo conteúdo desses escritos. Tendo sido um dos principais responsáveis pela formação de comunidades cristas em varias partes do mundo greco-romano, e impossível não perceber essa importância. Ao estabelecer novas comunidades, ou voltava para visitá-las ou se encarregava de elucidar as duvidas através de escritos longos e acurados sobre seu conhecimento dos ensinamentos do Cristo ressuscitado, corrigindo mal entendidos e desvios doutrinários. O motor do texto do autor e a interrogação acerca da interpretação de Paulo sobre as boas novas de Jesus Cristo, não tendo sido ele discípulo de Jesus. Segundo o autor, há uma duvida sobre como Paulo aprendeu o evangelho. Ora se acredita que o mesmo teria tido contato com o Mestre em carne, oura acredita-se que este conhecimento foi passado através de uma revelação do cristo ressuscitado, que lhe apareceu, credenciando-o como apostolo e o convertendo em fundador de novas igrejas. É mais provável que Paulo não tenha conhecido pessoalmente o Jesus histórico, tendo somente conhecido o cristo ressuscitado como filho de Deus. Essa forma de conhecer leva Paulo a modificar seu pensamento redefinindo sua própria identidade como ser humano diante de Deus. Os escritos de Paulo estão recheados de ponto de contatos com verdades históricas e conceitos dos evangelhos, incluindo aqui até mesmo as doutrinas básicas de Jesus. Paulo preserva a dimensão histórica da mensagem de Jesus amo mesmo tempo que a coloca sob o prefixo da cruz e da ressurreição. A forma como Paulo trata a lei, ainda que não pareça é um bom exemplo para enxergar as afinidades entre os dois. Assim como Jesus, as críticas de Paulo a lei não são na realidade diretamente a Lei, mas à forma como os homens interpretam a Lei. Para Paulo e para Jesus a vontade de Deus e não a Lei se o mais importante sendo a Lei santa, justa e boa, que traz vida a quem cumpre. Paulo enxerga na cruz e ressurreição de Cristo o evento decisivo que gera uma nova qualidade à história humana. É na ressurreição que Paulo encontra o fundamento do perdão divino, e isso não está claramente expresso na pregação de Jesus. Jesus não elabora uma doutrina de Justificação, tal como Paulo, mas mesmo não tendo desenvolvido uma doutrina, desenvolveu uma prática da justificação através de sua palavra e ação, quando perdoava pecados em nome de Deus, acompanhou-se de publicanos e pecadores, curou doentes e leprosos, reintegrando-os à sociedade, acolheu mulheres, prostitutas, crianças e samaritanos, renovou o coração das pessoas mediante o amor de Deus.

Critica

O texto reforça uma idéia que de forma primitiva, sem o conhecimento acadêmico, eu nutria e até ensinava: O fato de que Paulo codificou, ainda que de forma circunstancial, o princípio doutrinário e filosófico do cristianismo. É interessante perceber que o cuidado de Paulo com as primeiras comunidades cristãs foi primordial para que tivéssemos hoje o conteúdo de seus escritos, ou dos escritos atribuídos ao Apóstolo. A forma como o autor do texto vê o pensamento teológico de Paulo, é bastante esclarecedor, mesmo que em poucas linhas. O texto elucidou de forma clara a dúvida sobre Paulo ter conhecido ou não a Jesus Cristo em carne, nos levando a conclusão de que esse conhecimento não se deu no nível da carne, pois se assim o fosse, por certo Paulo teria citado este fato em uma de suas cartas. O texto também é esclarecedor do ponto de vista de que Paulo não teria recebido o ensino do evangelho de cristo de forma somente espiritual. Há uma perspectiva de conhecimento relacionado com as tradições de pessoas e da história.  É possível perceber no texto que a história dos discípulos de Jesus, outrora perseguidos por Paulo, encontra-se delineado em seus textos. Do mesmo modo os próprios ensinos de Jesus são encontrados nos escritos de Paulo o que nos leva a crer que, mesmo sem o conhecer fisicamente, parece-nos que o grau de conhecimento de Paulo da pessoa e dos ensinos de Jesus era bem acentuado. Outro ponto interessante tratado pelo autor é o fato de que não são em todos os momentos que Paulo pode se valer diretamente das instruções de Jesus em sua pregação do evangelho. Isso se deu em função do apóstolo estar em uma realidade modificada no que se referia a situação histórico-salvífica, nos mostrando que da tensão entre três fatores, a saber, o Jesus histórico, a nova situação histórico-salvífica e o novo contexto comunitário, o apóstolo delineia a sua pregação do cristo ressuscitado. O autor faz algumas apresentações afirmações de Bultmann, para logo depois colocar essas afirmações no patamar da precipitação. Não sei se a intenção aqui era levantar dúvidas sobre o que se expunha logo a seguir, ou se simplesmente o autor queria mostrar seus pontos de discordâncias de outro teólogo. De qualquer forma, estas inserções de Bultmann também trazem a luz discussões interessante sobre o que Paulo escreveu, de quem ele aprendeu e como ele codificou as bases do cristianismo. De qualquer forma, o significado de Jesus para Paulo vai além das teorias de Bultmann apresentadas no texto. O texto ainda é esclarecedor e nos faz entender os motivos pelos quais, diferentemente de Jesus que restringiu sua pregação a um povo, Paulo leva essa mesma mensagem ampliada e amplificada tanto para os que são da casa de Israel, muitas vezes os confrontando em sua forma de encarar e vivenciar a Lei, como para os povos de fora de Israel, para os quais a Lei era totalmente desconhecida.