Introdução a Literatura Bíblica (AT) - Aula de 04/05/12

04/05/2012 19:00

    Perícope é uma unidade literária com inicio, meio e fim. O termo não está associado somente ao texto bíblico, mas à literatura em geral.  A divisão de um texto em perícopes é uma tentativa de dividir a narrativa em temas distintos.

    A divisão em perícopes é uma tentativa de dividir uma narrativa em temas. No interior de cada perícope pode existir outras divisões.

    Quando lemos no texto bíblico "houve tarde e a manhã...", isto é um indicativo de que o texto não é literal, e sim um genero literário, uma poesia. Nesse sentido, não é possível entender o texto de Genesis como um texto histórico. Ele só passa a ser histórico, quando Deus faz uma intervenção na história do homem. O texto de Genesis  1 é uma construção mitolótica. Mito não é uma mentira, e sim um gênero literário, sendo uma tentativa de expressar uma verdade de forma atemporal, de modo que todos os povos de todos os tempos e culturas entendam.

    Lendo a narrativa de Gênesis, sobre a criação do mundo, podemos perceber somente pela leitura algumas diferenças. Para explicar essas diferenças, podemos pensar em duas possibilidades. A primeira é que ha uma narrativa geral que depois foi ampliada. O problema com essa teoria é que cronologicamente ela não pode ser explicada. Na primeira narrativa temos uma cosmogonia aquática; na segunda há uma cosmogonia terrestre. Na primeira narrativa, Deus cria a partir da sua palavra - "disse Deus haja... e houve"; na segunda narrativa, Deus cria a partir das suas próprias mãos. Na primeira narrativa, macho e fêmea são criados ao mesmo tempo, na segunda narrativa, o homem é criado antes da mulher que é criada posteriormente.

    Em relação a criação do ser humano é diferente nas duas narrativas. Os verbos usados são diferentes. Na primeira o verbo tem a ideia de criado de uma vez, e na segunda, tem a ideia de criação como processo.

    Na primeira narrativa, o nome usado para referir-se a Deus é Elohim e na segunda narrativa, o nome é Yaweh. O prefixo El refere-se a um deus principal do panteão cananeu, e este conhecimento desse deus só se dá a partir do cativeiro babilônico. A teologia acerca de Deus, só surge após o cativeiro babilônico.

    A pesquisa atual mostra que a segunda narrativa teria vindo antes da primeira. A ideia do monoteísmo em Israel só passa a existir após o cativeiro babilônico. Esses argumentos apontam para a dificuldade de a segunda narrativa ser uma re-leitura da primeira narrativa.

    A intenção do texto não informar o que aconteceu ou quando aconteceu, mas informar "porque aconteceu".

    Há uma perspectiva de alguns exegetas que entendem que a intenção de Deus em dizer "não coma do fruto" era de forma didática, ensinar o homem a ser maduro e tomar sua própria decisão. Nesse sentido, a serpente teria sido um instrumento didático de Deus. Ela não era apenas um ser mal, que tentou o homem a ponto de faze-lo errar, mas um instrumento pedagógico para fazer o homem crescer. Deus, entretanto, não poderia simplesmente dizer "coma do fruto para poder crescer", pois se assim o fizesse, o homem não estaria crescendo, mas apenas obedecendo a voz de Deus. Ao scolher por sua vontade, o homem faz a opção de mudar sua vida.

 

Teoria das 4 fontes (J. Welhausen) 1853

 

(J) Javista

(E) Eloista

(D) Deuteronomista

(P) Sacerdotal.

 

    Esta teoria baseia-se no fato de existir várias nomes para Deus. A tradição sempre disse que a autoria do pentateuco foi escrita por Moisés. Esta ideia já foi descartada. Há hoje um movimento de tentar resgatar essa ideia. O consilho vaticano primeiro, reafirmou a autoria moisaca do pentateuco. No lado do protestantismo não houve tanta dificuldade de entender que Moisés não teria escrito o pentateuco. Ao contrário do catolicismo, a modernidade gerou crises ao protestantismo, mas houve uma aceitação de alguns conceitos da modernidade.

    Fonte Javista: usa o nome javé para Deus. Fonte mais antiga. Data possível 850 a.C. No reino do sul (judá)

    Fonte eloíta: usa o nome Elohim para Deus. Data da escrita 750 a.C, no reino Norte (Israel)

    Em 722, o reino do norte deixa de existir. A Assíria mata muita gente, leva alguns cativos e deixa alguns na terra para que fosse misturados com outros povos, além disso, uma parte foge para o sul e trazem consigo as suas tradições de fé. Em 722, por conta dessa união há uma junção das fontes J + E.

    Fonte Deuteronomista: tem esse nome porque muitos autores trazem uma proposta de que esta fonte é o livro de Deuteronômio. Teria sido escrita em 622 a.C, no reino de Josias (sul)

    Cronicas 34.1. Jávé é o único Deus e o lugar da sua adoração é Jerusalém. Na reforma do templo, encontrou-se o livro de Deuteronômio, O achado deste livro, altera a forma de culto, no sentido de confirmar a pratica de purificação proposta pelo rei. A temática de Deuteronômio é a pureza diante de Deus. Embora Deus diga que vai derramar ira, Josias é visto como alguém que agradou a Deus.

    Cada uma das fontes traz uma ideia teológica. A fonte Javista, combate a ideia de que israel é o único povo escolhido de Deus. A fonte javista é uma visão otimista .

    A fonte eloísta traz uma leitura pessimista. Nela há um olhar para o povo e se percebe que o povo não segue a Javé. Esse povo está simbolizado naquele casal que ouve a serpente e não atendente a ordem de Deus. Nesta visão, não é o mundo que é dado ao homem, mas somente o jardim. Quando há uma junção das duas fontes eloista e javista, parece que eles se sentem abandonados. A fonte deuteronomista vem mostrar que há como se salvar, basta seguir o exemplo de Joias.

    A fonte deuteronomista está vendo as dificuldades mas está afirmando que há esperança. Esta marcado pelo movimento de reforma religiosa de Josias. O reinado de Josias termina de forma rapida, numa guerra com os egípcios.

    Com a morte de Josias, a ideia revelada na fonte deuteronomista morre, e vai surgir a ideia da fonte sacerdotal. Tem esse nome porque é escrito vinculado ao sacerdocio, em 450 a.C

    Cada uma das fontes tem uma forma diferentes e enxergar os acontecimentos.