Fábricas sem chamas mas que ainda incendeiam.

08/03/2013 10:23

    Oprimidas pelo poder econômico e financeiro da época, um grupo de mulheres toma a fábrica onde trabalhavam e começam a reivindicar por melhores condições. Uma das reivindicações tratava-se de uma menor carga horária, pois elas trabalhavam 16 horas diárias, e a equiparação salarial com os homens, já que ganhavam um terço do que os homens ganhavam, desempenhando a mesma função, além de exigirem o direito de serem tratadas dignamente.

    A reposta dos homens-autoridades foi a mais brutal possível. Todas foram trancadas na fábrica que foi incendiada. Resultado fatal: 130 corpos carbonizados.

    O dia era 8 de março de 1857.

    Cinquenta e três anos depois, o dia foi escolhido como “Dia Internacional da Mulher” e sessenta e cinco anos depois da escolha, a ONU oficializou o dia por meio de um decreto.

    Acredito que ainda que tenham acontecido conquistas, a data não é de todo comemorativa. Enquanto existirem mulheres que sejam oprimidas em qualquer nível, há que se pensar em luta e conquista, mas pouco em comemorações.

    Talvez as fábricas não incendeiem mulheres hoje, mas queimam suas vidas e suas esperanças com um poder maior que o exercido pelas chamas. Elas são queimadas vivas e continuam vivas para serem queimadas no dia seguinte, até que suas próprias chamas de vida se extingam por completo.

    A opressão existe e é cruel. Está estabelecida nos diversos setores da sociedade e mostram suas garras nos ambientes públicos, privados, religiosos e familiares. O peso da opressão vai desde a piadinha infame sobre a mulher e suas supostas incapacidades até situações extremas, em muitos casos, situações de morte.

    É preciso que se faça uma reflexão na tentativa de mudar este quadro opressor existente. Nós somos as fábricas que ainda incendeiam, muitas vezes sem que sequer existam chamas.

    Infelizmente, duvido que nós, os homens, sejamos machos o suficiente para admitir nossos erros e levantar a bandeira da mudança.

    Feliz dia internacional da mulher? Quem sabe se realmente é?       

 

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