A história de Israel na pesquisa atual - Resumo e crítica.

19/06/2012 09:00

Resumo

            O texto de Airton José da Silva aponta para o fato de que o que era conhecido sobre a história de Israel, conhecida em primeira mão pelo texto bíblico está passando por uma mudança.   Havia um consenso que perdurou até metade da década de 70, porém esse consenso foi rompido. A bíblia hebraica já não é confiável para uma reconstrução histórica de israel, bem como as histórias sobre patriarcas, José do Egito, Êxodo, conquistas, entre outros já não são mais vistas como antes. A história de Israel contada a partir de textos bíblicos é questionável, e um estudo arqueológico não deve ser feito a partir da narrativa bílica simplesmente, mas a partir das histórias e da cultura dos povos daquela região.

            O autor cita vários pontos conflitantes, dos quais destaco que o ambiente mais adequado para a tradição dos patriarcas é o primeiro milênio antes de Cristo e não o segundo como se pensava. Somente este fato, muda completamente a forma como se percebe as realidades e historicidades da narrativa bíblica.

            A “Hipótese Documentária” afirmava, que o Pentateuco era composto pelas fontes Javista, Eloísta, Deuteronomista e Sacerdotal, sendo que a fonte Javista deveria ser visto como um autor pós-Deuteronomista. A fonte javista compõe uma obra unificada que vai da criação do mundo à morte de Moisés, sendo a fonte javista comparada ao trabalho de um historiador que, baseando-se em fontes orais e escritas, dá um tom e significado Teológico próprio. A fonte Javista teria como objetivo corrigir o nacionalismo e o ritualismo da fonte Deuteronomista.

            Buscar pelo antigo Israel é ir além da construção bíblica. O israel da bíblia é "um problema e não um dado”. O antigo Israel do mundo acadêmico não é uma construção histórica. O pesquisador da história de Israel, deve investigar a história real independentemente do conceito bíblico.  Não deveria ser possível escrever uma história de Israel, pois escrever a história de um povo somente seria desprezar a história de todos os outros povos que habitaram as regiões registradas no texto bíblico

            A pesquisa atual busca saber se o exílio é um fato histórico ou teológico. Os pesquisadores concordam que ocorreram uma ou mais deportações dos reinos de Israel e Judá e o termo exílio tem significados teológicos e ideológicos. Há um desacordo sobre a questão da volta do exílio, e alguns pesquisadores acham que não houve uma continuidade entre os deportados da época babilônica e os que estabeleceram na judeia.

            Várias reações acontecem a partir de uma perspectiva puramente histórica e científica do “Israel bíblico”. Alguns entendem que o consenso tradicional da história de israel tenha virado fumaça, outros estão preocupados com o que ocorrerá com a categoria da Teologia Bíblica, e procuram apresentar sugestões para uma teologia bíblica futura.

            No contexto do Brasil, a historicidade de Israel a partir de uma visão científica, não abraçando a ideia de um povo exclusivo de Deus, de onde surge todo conhecimento de si mesmo, levará aquele que estuda a uma decisão desafiadora.

            Por um lado, pressionado pelo que já se tem falado há muito tempo, sobre israel ter sido responsável pela construção da sua própria história e escritos, e por outro lado com a perspectiva de que esses escritos não reflitam a realidade histórica de um povo ou ainda mais de todos os povos que viviam na região da palestina nos tempos bíblicos.       

 

Crítica

            Tive dificuldades de entender a proposta do texto, pois o mesmo é muito fragmentado e aponta para várias opiniões e teorias, sem contudo apontar que direção seguir. A oferta de várias possibilidades relacionadas com a construção da história de Israel a partir da narrativa bíblica, tornou a leitura um tanto quanto difícil e pesada.

            Acredito que o texto poderia ser mais construtivo se o autor expusesse um número menor de teorias e se aprofundasse mais sobre o que fosse exposto. Da forma com foi construído, o texto, por passear, sem se aprofundar nas diversas teorias apresentadas, gera uma dificuldade de captação de ideias principais.

            Por outro lado,  o autor, ao levantar hipóteses sobre a possibilidade histórica de Israel, dos patriarcas, do exílio, do retorno do exílio, provoca a discussão sobre como foi construído o que conhecemos sobre a história bíblica e até que ponto ela deve continuar sendo contada, sob essa perspectiva.

            É muito interessante a forma como o autor discorre sobre mudanças que devem existir a partir do conhecimento cientifico sobre a narrativa bíblica e o estudo da construção dos povos da palestina. Esse conhecimento é gerador de profundas mudanças na forma de fazer e de divulgar o conhecimento teológico. O conhecimento atual não permite mais dizer “se está na bíblia, eu creio”

            Há que se mudar também, a postura pastoral, o que de fato é um desafio pouco aceito pela maioria. O que afirma-se todos os dias nas comunidades de fé deveriam ser repensados e ditos de outras formas, tendo em vista que, baseado no que já se conhece cientificamente, as afirmações de fé, tais como paraíso, patriarcas, reis, povo escolhido, não se consolidam. Além disso, teríamos que mudar os conceitos que temos a respeito da construção do próprio texto bíblico, que em ultima instancia, para uma grande maioria foi escrito exclusivamente por componentes do povo de Israel. 

            O autor deixa claro que, as lentes da fé, farão leituras de fé, e não tem o compromisso de se mostrarem como bases históricas e a contrapartida, as lentes da ciência não conseguirão modicar aquilo que a lente da fé enxerga. É interessante perceber que o autor não aponta defeitos em uma ou em outra, mas as entende na dimensão em que elas devem ter efeito.

 

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critica

bia | 30/07/2012

soh fica brigando

Re:critica

Reinaldo Souza | 09/04/2015

Concordo plenamente com suas críticas, a propósito acredito que, de um modo geral, o que se escreve hoje acerca deste assunto não me parece muito claro. Chego até acreditar que os escritores não têm muita certeza do que estão escrevendo, dai não se aprofundarem muito.

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